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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ex-médico Roger Abdelmassih tem mal-estar e é levado para hospital

Abdelmassih está preso desde terça-feira (19), na sede da PF em Foz.
Ele foi atendido rapidamente e retornou para a prisão durante a noite.
Abdelmassih foi preso em Assunção, no Paraguai.
(Foto: Divulgação/Secretaria Nacional
Antidrogas do Paraguai)

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, condenado pela Justiça a 278 anos de reclusão pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor, teve um mal-estar na noite terça-feira (19) na sede da Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Ele precisou ser encaminhado ao hospital, foi atendido rapidamente, e retornou ainda durante a noite, conforme informou o Bom Dia Brasil na edição desta quarta-feira (20).

O ex-médico era considerado um dos principais especialistas em reprodução humana no Brasil e estava foragido desde 2011. Ele foi preso na tarde de terça em Assunção, capital do Paraguai. Após o procedimento de deportação sumária, Abdelmassih chegou em Foz por volta das 18h. Ele deve ser transferido para São Paulo nesta quarta-feira (20), entre 10h e 11h, e deve chegar perto das 13h, de acordo com a PF.

Ainda na terça-feira, a Polícia Federal disse que Abdelmassih era monitorado por uma equipe da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) e da Polícia Federal brasileira há 8 dias. O delegado Marcos Paulo Pimentel afirmou em uma coletiva de imprensa no início da noite que Abdelmassih vivia ilegalmente no Paraguai, não trabalhava e morava com a mulher em uma residência de luxo de Assunção, capital do país vizinho.

O ex-médico foi condenado por estuprar, 35 pacientes, que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.

Segundo o delegado, as investigações concluíram que o ex-médico saiu do Brasil por uma fronteira terrestre. Todavia, Pimentel não soube precisar qual foi a rota usada por Abdelmassih.


Possíveis disfarces
Para chegar ao ex-médico, a Polícia Federal usou um programa específico, que montou várias imagens com a foto de Abdelmassih. Nelas, o sistema fez projeções de como ficaria o rosto dele com fantasias e disfarces, como tintura capilar, uso de chapéus e óculos escuros.

Denúncias e condenação
As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o processo em liberdade.

Em 23 de novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder em liberdade.

O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.

Em maio de 2011, Abdelmassih teve o registro de médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

Lavagem de dinheiro
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que vai investigar uma possível rede de favorecimentos à fuga do ex-médico. Segundo os promotores, os integrantes dessa rede e o próprio Abdelmassih teriam cometido uma série de outros crimes, como falsidade ideológica e falsidade material, além de lavagem de dinheiro para que o ex-médico tivesse condições de fugir do Brasil e se manter fora do país, conforme o procurador-geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa e o promotor Luiz Henrique Cardoso Dal Poz.

A quantidade de pessoas, a identidade delas e a relação delas com o fugitivo não foram informados pelo Ministério Público. "As investigações têm continuado para responder a todas estas questões", disse Rosa.

Médico alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.

Algumas disseram que foram molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.

Vítimas comemoram
Uma página no Facebook, usada por uma associação de vítimas do ex-médico, comemorou a notícia da prisão. No perfil particular de algumas das vítimas, há postagens comemorativas. “uhu, conseguimos”, diz uma das mulheres.

Uma das noras do ex-médico, afirmou que "a justiça foi feita", ao se referir sobre a prisão do sogro. Segundo ela, a família não vai se pronunciar mais sobre o caso, para preservar os descendentes mais novos. "A gente não quer falar por conta dos filhos e netos", explicou.




Do G1 PR

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