Mau momento do mercado e mudanças na matriz energética podem diminuir lucro do País
Campo de Libra será explorado por consórcio de cinco empresasGetty Images
O leilão realizado na última segunda-feira (21) que definiu qual será o consórcio responsável pela produção e exploração de petróleo no Campo de Libra, na Bacia de Santos, aconteceu com muitos anos de atraso. Ao menos é o que dizem os especialistas ouvidos pelo R7 sobre o tema.
Para Maria Beatriz David, professora de economia da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), “era um mau momento para a empresa e para o produto, dadas as condições internacionais”.
— O Campo de Libra foi leiloado num momento em que a Petrobras está com problemas financeiros. E o marco regulador do pré-sal prevê que ela entre com pelo menos 30% do consórcio. Isso é ruim pra empresa, pois a obriga a estar em todos os campos e exige um nível de investimento muito elevado. Além disso, no mercado mundial, estão ocorrendo novas descobertas de óleo, de xisto. O governo demorou muito para fazer esse leilão. Foi anunciada há cinco anos a descoberta do campo, era melhor ter feito logo.
O vencedor do leilão foi um consórcio formado por cinco empresas — a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, as chinesas CNPC e CNOOC e a Petrobras. Pelo marco regulatório do pré-sal, a companhia brasileira detém 30% do consórcio. Dos 70% restantes que foram arrematados, 20% são da Shell e 20% da Total. A CNPC e a CNOOC têm, cada uma, 10%, assim como a Petrobras.
O contrato garante à União 41,65% do lucro do óleo retirado do campo. O consórcio pagará ainda ao governo brasileiro bônus de R$ 15 bilhões, além de garantir investimento mínimo de R$ 610 milhões. O consórcio vencedor era o único na disputa.
Para Leonardo Caio, diretor executivo da Consulfesp (Consultoria e Formação Especializada), a demora na realização do leilão será ainda mais prejudicial para as contas do governo por conta da tendência de mudança na matriz energética mundial.
— Existem projeções muito assertivas que dizem que petróleo e gás perderão espaço no mercado internacional de energia. É uma matriz muito pesada e poluente, e o mundo clama por uma mudança nisso. Então, o petróleo tende a ser substituído por algo menos impactante para o meio ambiente.
Para ele, o Brasil tem potencial para investir em energia limpa, e esse tipo de investimento deveria ser estimulado.
— Não é estratégico investir tudo isso no petróleo nesse momento. O custo de exploração é muito alto e a chance de risco também.
O campo de Libra tem reservas estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. Caso esse potencial se confirme, será o maior campo de petróleo do País.
A ANP (Agência Nacional de Petróleo) estima que, em seu pico de produção, sejam extraídos diariamente do local 1,4 milhão de barris de óleo, cerca de dois terços do total da produção atual de todos os campos do País, que é de dois milhões de barris por dia.
O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade. Albert Einstein
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