Debate entre defesa e acusação encerrará júri sobre mortes de pai e madrasta do réu
Julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, deve chegar ao fim nesta sexta-feira Foto: Alice Vergueiro / Agência Brasil |
O julgamento, que acontece no Fórum Criminal da Barra
Funda, começou na última segunda-feira, com o depoimento do vigia
Domingos Ramos Oliveira de Andrade, que reafirmou ter "certeza" de que
viu Gil Rugai deixar a casa após os disparos. Hoje, os advogados de
defesa do réu, Thiago Anastácio e Marcelo Feller, e o promotor Rogério
Leão Zagallo, responsável pela acusação, apresentarão seus argumentos
sobre o que aconteceu na noite daquele domingo, sendo que cada parte
poderá usar até duas horas e meia para expor suas versões - o tempo pode
aumentar, caso necessário e autorizado pelo juiz Adilson Paukoski
Simoni, presidente do júri.
Cinco homens e duas mulheres compõem o júri que decidirá
se considera Gil Rugai inocente ou culpado, sendo que cada um exerce
alguma das seguintes funções: bancário; diretor de escola; engenheiro
civil; assistente contábil; funcionário do setor financeiro; funcionário
público estadual; e diretor de recursos humanos.
Ao longo dos últimos quatro dias, a Justiça também ouviu
o delegado que comandou a investigação que apontou Gil Rugai como
culpado, além de peritos criminais. Também testemunhou um ex-contador da
empresa de Luiz Carlos, que disse desconhecer a existência de uma
fraude contábil na produtota. Outro depoimento importante foi o de um
ex-sócio de Gil Rugai, que afirmou que o réu possuía uma "mala de fuga"
com dinheiro e uma arma e disse ter desconfiado do rapaz na época. Além
disso, foram ouvidos outros dois vigilantes da rua (que negaram ter
visto suspeitos); peritos criminais e uma antropóloga.
Um instrutor de voo, que dava aulas para a vítima,
também depôs e revelou que, dias antes do crime, Luiz Carlos Rugai lhe
confidenciou uma briga entre pai e filho, motivada por uma fraude
contábil na empresa, de autoria do réu. Por outro lado, outra testemunha
ouvida foi o filho mais novo de Luiz Carlos, Leo Grego Rugai, 27 anos,
que defendeu o irmão e afirmou acreditar em sua inocência.
Motivo e horário da morte
Agora, defesa e acusação terão de comprovar suas versões, sendo que os pontos que ambas as partes consideram fundamentais são: o que teria motivado os assassinatos e o horário em que Luiz Carlos e Alessandra morreram.
Agora, defesa e acusação terão de comprovar suas versões, sendo que os pontos que ambas as partes consideram fundamentais são: o que teria motivado os assassinatos e o horário em que Luiz Carlos e Alessandra morreram.
Para a acusação, Gil Rugai matou o casal pois seu pai
soube que ele desviou parte de seu dinheiro e, diante da descoberta, o
expulsou de casa cinco dias antes do crime. Para tentar comprovar a
tese, apresentará os depoimentos de testemunhas que relatam essa briga
entre pai e filho, além de laudos periciais que apontam o réu como autor
também do arrombamento à porta da sala onde Luiz Carlos tentou se
proteger. A Promotoria também destacará o fato de a arma de onde
partiram os tiros terem sido encontradas no edifício onde o réu estava
montando uma outra produtora de vídeo na ocasião.
Outro ponto que deve ser explorado pelo promotor Rogério
Leão Zagallo é o horário do crime e, segundo ele, a fragilidade do
álibi apresentado pelo réu sobre onde ele estava no momento dos
assassinatos. Na avaliação da acusação, as explicações apresentadas por
Gil Rugai não são verdadeiras.
"Ele mentiu e faltou com a verdade. (...) Seu
comportamento beira à psicopatia e, nos debates, vamos expor esse desvio
de personalidade que possui", disse o promotor, responsável pela
acusação.
O advogado Ubirajara Mangini Pereira, que
representa a família de Alessandra de Fátima Troitiño e atua como
assistente da acusação, chega para o terceiro dia de julgamento
Foto: Alice Vergueiro / Futura Press
Ex-funcionário
A defesa por sua vez tentará explorar as "fragilidades" apontadas por eles na investigação da Polícia Civil, que na opinião dos defensores, falhou ao seguir apenas uma linha de investigação e apresentou vários "lapsos" em laudos, como o que demonstrou a compatibilidade entre o pé de Gil Rugai e a marca de pisada encontrada na porta arrombada. Para demonstrar que a polícia ignorou outras hipóteses para o crime, os advogados sustentarão que duas linhas de suspeita deveriam ter sido averiguadas pela investigação na época: a de que um ex-funcionário de Luiz Carlos o matou por causa de uma dívida trabalhista de R$ 600 mil; e a de que o casal foi morto pois havia gravado imagens de um voo realizado às vésperas do crime sobre um aeroclube cuja entrada e saída de drogas já havia sido mencionada pela CPI do Narcotráfico.
A defesa por sua vez tentará explorar as "fragilidades" apontadas por eles na investigação da Polícia Civil, que na opinião dos defensores, falhou ao seguir apenas uma linha de investigação e apresentou vários "lapsos" em laudos, como o que demonstrou a compatibilidade entre o pé de Gil Rugai e a marca de pisada encontrada na porta arrombada. Para demonstrar que a polícia ignorou outras hipóteses para o crime, os advogados sustentarão que duas linhas de suspeita deveriam ter sido averiguadas pela investigação na época: a de que um ex-funcionário de Luiz Carlos o matou por causa de uma dívida trabalhista de R$ 600 mil; e a de que o casal foi morto pois havia gravado imagens de um voo realizado às vésperas do crime sobre um aeroclube cuja entrada e saída de drogas já havia sido mencionada pela CPI do Narcotráfico.
Além disso, os advogados deverão tentar comprovar que,
embora "estranho" - conforme definição dos próprios defensores -, Gil
Rugai não matou ninguém. "Temos que lembrar sempre que isso aqui não é
um teste de popularidade, é um julgamento. Não é porque ele pareça
estranho que matou alguém", disse Anastácio, em plenário, durante o
interrogatório de Gil Rugai.
Após os debates entre defesa e acusação, os juradores
deverão responder a uma série de perguntas para demonstrar se consideram
Gil Rugai inocente ou culpado. Somente após a decisão do conselho de
sentença é que o juiz que preside o júri deverá ler seu veredicto em
público, absolvendo ou condenando o réu. Se condenado, ele pode cumprir
até 30 anos de prisão.
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