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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Motorista que invadiu banca de jornal no Centro voltava da Vila Mimosa


Proprietária se desesperou ao constatar que seu patrimônio estava totalmente destruído


Dona de banca no Centro do Rio lamenta a perda do patrimônio de 15 anos Foto: Fernando Quevedo / O Globo
Dona de banca no Centro do Rio lamenta a perda do patrimônio de 15 anos Fernando Quevedo / O Globo
RIO - O motorista de um Celta, identificado como Thiago Ramos, perdeu o controle do veículo, na madrugada desta quinta-feira, e invadiu uma banca de jornal localizada na esquina das avenidas Presidente Vargas com Rio Branco. O acidente ocorreu por volta das 1h30m e, segundo o próprio Thiago, ele havia acabado de sair da Vila Mimosa, reduto de boemia e prostituição que funciona próximo à Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio e ia em diração a Duque de Caxias. O carro foi parar dentro da banca, que ficou completamente destruída. No momento da batida não havia ninguém no local.Testemunhas disseram que na hora do acidente Thiago estaria visivelmente alterado e estaria assistindo a um dvd pornográfico na televisão que fica na altura do painel do carro.
Ele alega que não estava em alta velocidade e diz que foi fechado por outro motorista. Por isso, acabou batendo. O carro pertence à Thiago e ele ainda está pagando.
— Eu fui fazer um "táxi" para a Vila Misosa em troca de R$ 150 e estava voltando para a casa quando perdi a direção do carro porque fui fechado por um caminhão de reboque. Não estava correndo, tinha acabado de passar a quinta marcha, devia estar a uns 50 km/h — disse o motorista.
Apesar do forte impacto e do estrago, Thiago não se feriu. Mesmo assim ele tentou convencer a equipe do O GLOBO a colocar na matéria que ele teria quebrado o braço e tido escoriações leves. Ao ser questionado que era mentira ele apenas alegou:
— É só uma mentirinha de nada vai? para ajudar.
A proprietária da banca, Maria Lúcia Ramos ficou inconsolável. Ela trabalha no local há 15 anos e é na banca que tira o sustento da família:
— Essa banca é a minha vida. Criei minhas filhas com o dinheiro dela, é o nosso sustento. Como vamos trabalhar hoje? Quer vai arcar com todo esse prejuízo? — disse, chorando.
Maria Lúcia passou toda a madrugada na 5ª DP (Centro) tentando registrar a ocorrência. Ela disse que um policial de plantão informou que, como não houve feridos, não haveria a possibilidade de abrir um boletim de ocorrência.
— Isso é muito estranho. Como eu não posso registrar um crime contra o meu patrimônio? Ele destruiu a minha banca! E ainda alegou que não poderia me fornecer informações sobre os seus documentos pessoais porque eles estavam dentro do carro. Se isto procede, como foi possível registrar o Brat? — protesta.
No final da manhã, a dona da banca conseguiu fazer um boletim de fatos inusitados, onde apenas registra que teve seu patrimônio atingido e os procedimentos legais foram feitos.Após o acidente, o motorista tentou a todo custo rebocar o carro. Ligou para um reboque, que chegou a ir até o local. No entanto, a retirada não foi autorizada pela proprietária. Exaltado, ele tentou entrar na banca e retirar o carro, mas foi impedido por familiares da proprietária e curiosos que estavam no local.
O carro foi removido de dentro da banca as 10:30 da manhã pelos agentes da Secretaria de Ordem Pública. A retirada foi lenta e trabalhosa pelo o estado em que o veículo se encontrava e pela presença de muitos curiosos. Logo apos a saída do carro a família de Maria Lucia começou a recolher as coisas que estavam dentro da banca para tentar salvar o que fosse possível.
— Vamos recolher para devolver o máximo que pudermos. Tudo aqui é consignado. Agora é trabalhar para recuperar o mais rápido possível. O que assusta é pensar que podia ter alguém, algumas vezes já precisamos dormir na banca. Imagina se tivesse alguém? — contou Gabriela Macedo, filha da dona da banca.
A banca de jornal não tinha seguro porque a familia não encontrou seguradores que fizessem. Segundo eles o local já foi furtado 14 vezes nos últimoas 15 anos em que estão no ponto. O carro, que ficou completamente destruído, também não tinha seguro.

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