‘Quase silêncio’: quarteto alvinegro vive noite histórica no Pacaembu

Torcedores que conseguiram liminar para assistir à vitória sobre o Millonarios, nesta quarta-feira, protagonizam episódio curioso no estádio

Por Leandro Canônico e Rodrigo Faber São Paulo

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Público pagante no Pacaembu nesta quarta-feira:
apenas quatro torcedores (Foto: Marcos Ribolli)

Apenas quatro vozes foram ouvidas no estádio do Pacaembu na noite desta quarta-feira, na vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre o Millonarios, da Colômbia. Com uma liminar que os permitiu passar por cima da punição da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) de fechar os portões em jogos do Timão por 60 dias, os torcedores viveram um dia histórico e, no mínimo, curioso.

À exceção de jornalistas, funcionários do Pacaembu e membros da Conmebol, apenas Armando José Mendonça, Milton Guilherme Mendonça, Carina Bellinato Mendonça e Rodrigo Adura puderam assistir à partida ao vivo. A atenção dos torcedores, porém, nem sempre se voltava ao que aconteceria dentro das quatro linhas – Milton, por exemplo, passou praticamente o primeiro tempo inteiro utilizando um aparelho celular.

Quando o Timão entrou em campo, os jogadores se impressionaram com a presença dos quatro alvinegros no setor das numeradas, próximos ao local onde fica a imprensa no estádio. Alguns, não entendendo a situação, chegaram a rir, mas fizeram a tradicional saudação, erguendo os braços em direção a eles. Como retribuição, os torcedores gritaram os nomes de todos os titulares, um por um.

Com liminar, quatro torcedores foram ao Pacaembu nesta quarta-feira (Foto: Marcos Ribolli)

O gol de Paolo Guerrero, marcado aos 10 minutos do primeiro tempo, foi comemorado efusivamente pelo quarteto. Guarnecidos por três policiais militares, posicionados logo atrás deles, os torcedores festejaram, sozinhos. Membros da delegação corintiana, acomodados acima, em um dos camarotes do Pacaembu, também fizeram barulho. Dentro de campo, os jogadores comemoraram próximos a uma das bandeirinhas de escanteio.
Nem mesmo o trio de arbitragem, composto pelo juiz Nestor Pitana, e pelos auxiliares Hernan Maidana e Diego Bonfa, foi poupado. Nos lances de impedimento, Rodrigo Adura levantava-se de seu assento para gesticular e reclamar da decisão, dirigindo-se especialmente a Pitana.

Solitário, torcedor vibra com lance do Corinthians
na partida (Foto: Marcos Ribolli)

– Fica esperto aí, juizão! Estamos de olho – berrou.
As reações do quarteto na etapa complementar foram bem menos exaltadas. Quando a equipe voltou ao gramado, saindo do túnel, todos estavam dispersos na numerada e sequer saudaram os jogadores. No gol de Alexandre Pato, gritos discretos. Até mesmo o placar eletrônico atestou a presença de Armando, Milton, Carina e Rodrigo – nos dados da partida, quatro pagantes, para uma renda de R$ 870.
Como é de costume no setor das numeradas, os torcedores permaneceram sentados. As tradicionais faixas e bandeiras, que normalmente cobrem as arquibancadas e o tobogã, não apareceram sequer na Praça Charles Miller, onde apenas 50 torcedores – quase todos sem identificações de organizadas – fizeram festa, com batuque e bandeiras.
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