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segunda-feira, 11 de março de 2019

Não foi acidente', afirma MP sobre rompimento de barragem em Brumadinho


Afirmação surge após depoimentos dados à força-tarefa que investiga tragédia

Com base em depoimentos prestados à força-tarefa que investiga o rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) concluiu que o ocorrido em 25 de janeiro não foi um acidente, mas um crime a ser punido. “As investigações até o momento demonstram que não foi um acidente”, garante o promotor de Justiça William Coelho. A informação foi trazida ontem pelo “Fantástico”, da Rede Globo, e reproduzida pelo portal G1. Segundo a matéria, 59 pessoas já foram ouvidas. Até o momento, há 197 mortos na tragédia e 111 desaparecidos.

Segundo a Vale, empresa responsável pela barragem, o que ocorreu em Brumadinho foi um acidente: “A Vale é uma joia brasileira que não pode ser condenada por um acidente”, disse, no dia 14 de fevereiro, o presidente afastado da mineradora, Fábio Schvartsman.

De acordo com a reportagem da Globo, a história é bem diferente para a Polícia Civil e o MPMG. “A força-tarefa trabalha com o ano de 2017, em que já há demonstração de que a empresa tinha ciência de indício de ruptura da barragem”, falou o delegado Bruno Cabral ao programa.

Um dos depoimentos a que o “Fantástico” teve acesso é o da engenheira civil Cristina Malheiros, que era responsável técnica pela barragem. Ela disse ter participado de um evento da Vale, no fim de 2017, em que uma consultora mostrou que a barragem tinha uma margem de segurança muito baixa caso ocorresse uma liquefação.

Alternativas. Conforme a investigação, em vez de tomar medidas concretas, já que estava ciente do risco, a Vale apostou em outros métodos para calcular a estabilidade da estrutura, como a instalação de drenos para retirar água do local. Para a investigação, a alternativa trazia riscos de infiltração.

Em depoimento à força-tarefa, Makoto Namba, consultor da TüV Süd, empresa alemã que prestava serviços para a Vale, reconheceu que houve “barbeiragem” na instalação dos drenos. Namba é um dos técnicos que assinaram, em setembro de 2018, um laudo que atestava a estabilidade da barragem. Segundo o depoimento dele, foi um ato técnico, mas realizado sob pressão da Vale: “Existe uma pressão sutil. O Alexandre Campanha (diretor-executivo da mineradora) participou. Ele estava na mesa e ele me perguntou: ‘a Vale vai assinar ou não a declaração de estabilidade?”.

Alexandre Campanha negou qualquer pressão à força-tarefa: “Essas declarações do senhor Makoto elas são... foram criminosas, irresponsáveis e levianas”.

Os depoimentos demonstram que Campanha tinha conhecimento de que centenas de pessoas poderiam morrer com o rompimento da barragem. “Você tem um estudo dizendo que, se acontecer, estou prevendo que vidas serão perdidas. Quando o senhor viu esse documento qual a sensação que o senhor teve?”, perguntou a força-tarefa a Campanha. “Doutor, a sensação que tive foi de incômodo”, respondeu.

Prisões. Cristina Malheiros, Alexandre Campanha e outros nove funcionários da Vale chegaram a ser presos, mas respondem ao inquérito em liberdade, conforme a reportagem da Rede Globo.

A pedido do MPMG, os dois e outros 12 funcionários estão afastados das funções na empresa, incluindo o diretor-presidente, Fábio Schvartsman.

Em nota enviada à reportagem do “Fantástico”, a Vale informou que uma vistoria realizada na barragem dois dias antes da tragédia não detectou risco de rompimento. A nota disse ainda que todas as intervenções no local foram medidas normais de segurança e que nenhum depoimento de funcionário da empresa indica conhecimento prévio de risco de ruptura.

A defesa de Cristina afirmou que ela sempre cumpriu normas técnicas de inspeção da barragem.

Campanha, por meio de advogado, declarou ao programa que todos os informes que recebeu atestavam a segurança da estrutura.

Makoto Namba disse, também por meio de sua defesa, que havia elementos técnicos para atestar a estabilidade da barragem. “A força-tarefa vai dar uma resposta para a sociedade”, afirmou o delegado Eduardo Figueiredo.

Fonte:

https://www.facebook.com/portalotempo/

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Hoje, 2 de julho, Brumadinho registrou mais 14 exames positivos para o novo coronavírus.

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